quinta-feira, 5 de julho de 2012

Brincando de Fantasia

Lembro-me de abandonar o Castelo do Minueto, querendo parar de brincar de fantasia, querendo me vestir de essência.
As deixei na estante, as máscaras. Intactas, tentadoras: pedindo um último toque. Aproximei-me... E se eu as encaixasse na face, uma última vez? Só por um instante... Não, não poderia. Virei as costas e parti.
Parti sentindo que no rosto me faltava uma peça. No rosto me faltava uma pele mais espessa. No rosto me faltava o brilho, me faltava a cor. Deixei faltar.

Quando quase esquecia, toquei um chapéu. Chapéu com cheiro de sabão de coco. Sorri. Parecia-me incrivelmente familiar. O vesti e só então percebi que era como me vestir de fantasia mais uma vez.
Fui uma moleca sapeca, fui o soldado imponente, fui a Dona Rosa, fui o tio da padoca, fui o palhaço, fui a Julieta do Romeu, fui popstar, fui garota de estilo, fui prostituta de luxo, fui mendigo, fui frentista... fui o que podia e podia o que fui. De um chapéu partia para outro, de rainha partia para bobo da corte.
Difícil foi tirar o último chapéu e me vestir de essência de novo. Tive que virar as costas. De relance vi uma kombi partindo. Abracei minha companheira de fantasia e sem perceber saltitava com um chapéu debaixo do braço.

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