sábado, 27 de agosto de 2011

As garras, o sal, o vinho

Os pés na areia e a cabeça nas memórias. Todas aquelas cenas com o tempo incerto correm. São só imagens, algumas coloridas, outras pálidas. Mas as piores são as imagens vazias, sem luz, sem ar: o breu casado com o sufoco.
Na pele o Sol aquece, no ventre a noite congela, encolhe, espreme, corrói, domina. São palavras pesadas, não precisam de ligação, apenas precisam ser arremeçadas na folha de papel em sua forma bruta, exatamente como a lembrança.
O presente nunca dói, mas no momento em que o tempo da seu passo a ferida golpeia, rasga.
Instante precioso esse que liga os tempos, a brecha entre a ação e o arrependimento.
A tinta risca com força para prender o instante entre as páginas e não se fala mais nisso.

"...mas eu só digo o que quero, e só quero falar das saudades e dos remorsos." Machado de Assis

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