terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fuga

Ele caminha com seu ego de balão, lançando piscadelas para as mais belas bailarinas e elas ficam assim, derretidas com seu charme. Por onde passa leva no rosto um sorriso... O sorriso! Daqueles que a gente fixa o olhar e se esquece de tudo, querendo sugar toda a energia da expressão, querendo sugar a felicidade também, aquela simpatia...

Cada face do salão se volta para o rapaz e absorve a leveza de seus gestos e palavras. Poucos não se impressionaram e se cada pensamento fosse ouvido pelo ego, ele seria capaz de voar até o infinito.
Valsou com as meninas uma a uma. Não preciso dizer que ele as fazia levitar, rodopiando até que elas caíssem em exaustão. Mas ele não. Dançou com a última dama e ainda poderia honrar outras tantas.
As noites passam e eu as observo. As pessoas são sempre diferentes, mas ele está sempre aqui, encantando e rodopiando. A música está sempre aqui também, e eu a acompanho com a batuta nos dedos. Mas não posso deixar de acompanha-lo com os olhos.
Todos temos defeitos e eu buscava os dele. Nem precisei de tantas noites para perceber que tudo estava errado. Ele estava errado. Não era mais que uma máscara. Uma bela máscara cravejada com alegria, cavalheirismo e muita sedução.

Se está sempre no meu salão, está nunca em sua casa. Falta nos jantares em família, foge das brigas e das obrigações. Vem porque talvez não seja tão admirado pelos que o cercam, porque lá ele não rouba a atenção de todos. Vem por rebeldia, para fazer falta. Vem para se divertir enquanto deixa para trás rugas e decepção.

Ainda tem coragem de vestir na face tamanho contraste!