quinta-feira, 12 de março de 2009

Prazer, Casulo

Ela pediu para que ele olhasse pela janela.
"Eu não tenho janela, eu tô morando num casulo".
Os dois riram, tão bobinhos.
As palavras ficaram no ar, jogadas, estáticas.
Mas ela as acolheu. Adotou a morada no casulo. Encaixou-se perfeitamente entre as paredes pretas. Não queria ficar encasulada, mas queria virar uma borboleta.
Logo nos primeiros dias dentro da nova morada, já não suportava mais a idéia, só o que podia ver era a escuridão, ainda assim sonhava com as lindas asas coloridas, com a liberdade.
Fechou os olhos, o coração reduzido ao tamanho mínimo. Uma voz conhecida a chamou baixinho.
"Você tá diferente".
Ela temia isso.
"Isso é bom ou ruim?"
Ele não respondeu. Ela já sabia a resposta.

2 comentários:

TIAGO JULIO MARTINS disse...

Estórias de borboletas me chegam sempre açucaradas demais, me dão dor de dente.
Mas dessa eu gostei de verdade. Apesar de ficar curioso quanto a resposta. Nem é tão óbvia assim.

Li uns outros textos também.
Bonito, flautista.

Alguém, que talvez resida num canto de sua memória disse...

Há muito tempo a senhorita não se abre... não posta nada novo... Gostaria de vê-la escrevendo novamente. Tuas palavras são perfeitas.