terça-feira, 5 de agosto de 2008

Lenços, Panos e Trapos


Vi as nuvens correrem pesadas e determinadas a encobrir o sol, cortando seus raios com a brisa gelada. Por um instante elas decidiram ceder, e observei o fio prateado rasgar facilmente o céu negro.
Levantei-me rapidamente com o ronco vindo dos céus. Acompanhei com os olhos uma gota de água até que ela se estatelasse no asfalto. Precisava ir para casa.
Ao olhar para os lenços acinzentados novamente, respirei com calma e dei um passo a frente. Deixei que as lágrimas do céu me cobrissem. E como um manto disposto a esfriar, elas me abraçaram. Todos evitavam aquele contato e o estranhavam ao deixar o olhar pousar em mim.
O vento soprava, fazendo com que aquelas gotas chicoteassem minhas faces. Permiti que ele me atravessasse, trazendo o frio para dentro de mim. De olhos fechados, seguia o caminho. Deixava-se ver apenas aquele véu de água caindo, caindo, caindo.
Ah sim, ela foi feita para cair, destinada sempre a cair, e cair de novo, para sempre, pensei.

Nenhum comentário: