segunda-feira, 3 de março de 2008

A máscara, o minueto e a ampulheta

Hoje tomei aquele banho que lava a alma, sentia a água entrando, me lavando por dentro, limpando a minha consciência. Deixei que as lágrimas corressem para as deixar no ralo, "que elas nunca mais voltem", pensei. Mas é sempre assim, penso que é a última lágrima, quando na verdade tem tantas outras para escorregar dos olhos.
Hoje não coloquei maquiagem, não teve olhos pintados, nem sequer lábios tingidos. Não quero mais verstir a minha máscara, não quero mais fazer parte do espetáculo, já estou cansada deste disfarce, de tudo tão irônico. O problema é que as pessoas gostam da minha maquiagem e da minha fantasia.

E enquanto elas aplaudem o show, enquanto elas gritam juntas, enquanto todas elas correm no mesmo sentido para não trombar, enquanto elas riem e falam alto, eu simplesmente assisto, eu observo, parada. Às vezes sorrio ou aceno. Mas entenda que eu não sou uma garota de palavras. Acho que elas simplesmente não gostam de pular da minha boca, entenda.



Entender... não, você não me entende. Eu sei que você não vem aqui para compartilhar os meus pensamentos, também não precisa, é inútil. São apenas idéias incompletas e vagas ou sentimentos transformados em parágrafos, vírgulas e pontos, é apenas o meu minueto, onde eu gosto de reger. Não precisa bailar, pode ficar só olhando. Não precisa seguir o mesmo compasso. A única coisa que eu te peço é para que uma vez você pare de olhar as lindas dançarinas e ouça o que eu estou tocando. Só uma vez.



Só não se esqueça de olhar a ampulheta, quando o último grão de areia cai e quando a noite vira dia, a música desaparece, assim como todos os convidados no castelo de prata.

Um comentário:

Die disse...

Sempre há ainda uma lágrima a escorrer dos olhos... Isso é inevitável...

Mas, quem sabe elas escorram de uma vez sem toda a maquiagem que cobre os verdadeiros sentimentos... E talvez essas lágrimas virem notas, que virem canções do minueto da vida... No clássico balanço dos passos de um 3/4 nos encontramos, dançando com a vida e com os perigos de sentir...